Programação internacional sobre agricultura biodinâmica contou com 200 pesquisadores, entre eles, o agricultor Lucas Contarato Pilon
O veneciano Lucas Contarato Pilon, de 32 anos, participou da 1ª Conferência Internacional de Pesquisas Biodinâmicas, na cidade de Dornach, na Suíça, entre 5 a 8 de setembro. Lucas, que é pesquisador e agricultor, foi o único capixaba a participar no workshop e em uma mesa redonda no evento.
O evento, que aconteceu no Goetheanum, sede mundial do movimento antroposófico e da agricultura biodinâmica, reuniu aproximadamente 200 pesquisadores do mundo inteiro. Além do Lucas, mais quatro brasileiros, entre eles, três professores e um cientista, que inclusive trabalha no Goetheanum, debateram e aprimoraram sobre agricultura biodinâmica.
A participação do Lucas foi com apresentações de sua pesquisa e experiência com um método de análise de solo, específico para agricultura orgânica, chamado Cromatografia de Pfeiffer, que é um método sensível desenvolvido dentro da agricultura biodinâmica, e que mostra a vitalidade do solo.
Após a estadia na Suíça, o pesquisador esteve na Alemanha, país onde desde o surgimento dessa agricultura, reúne maior conhecimento e prática. “A conferência foi desenvolvida pensando em aprimorar e tornar mais acessível a agricultura biodinâmica, que se desenvolve com os princípios elaborados por Rudolf Steiner, no ano de 1924, e propõe uma integração com os recursos naturais da propriedade, em conexão e ritmo com as forças cósmicas da natureza, e se obtém uma aproximação mais compreensível das relações do ser humano versus agricultura”. Lucas explica que a propriedade é observada como um organismo agrícola, da mesma forma que vemos nosso corpo humano e suas partes fundamentais, assim também remete a toda propriedade. “Iguais às distintas correntes de agricultura ecológica, a agricultura biodinâmica não utiliza agroquímicos sintéticos (fertilizantes, agrotóxicos, hormônios e etc.), no entanto, algumas práticas específicas vão além e têm por objetivo o solo e harmonizar esse organismo, como: os preparados biodinâmicos que utilizam plantas medicinais, rochas, estercos e uso de ritmos astronômicos”, explica.
Até chegar lá, o treinamento pesquisador foi longo. O veneciano é engenheiro agrônomo, formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com especializações, mestrado e doutorado, com atuação é na agroecologia, agricultura biodinâmica e ciência do solo.
Única CSA do Estado fica em Nova Venécia
De um lado quem planta e de outro, quem consome, eles não se conhecem. Geralmente é isso que acontece, mas não para quem pratica a CSA. A palavra significa Comunidade que Sustenta a Agricultura, sistema desenvolvido no Sitio São Lucas, no Córrego da Travessia, sob a responsabilidade do pesquisador e agricultor, Lucas Contarato Pilon, que conta com os pais e mais dois irmãos, para o desenvolvimento diário do negócio.
Filho do seu José Luiz Pilon e da Maria Lúcia Contarato Pilon, o veneciano resolveu voltar para o sítio, após terminar os estudos. Há 10 meses a propriedade é atuante em CSA, sendo a única do Estado a desenvolver o modelo.
O tipo de produção, que aproxima o agricultor ao seus consumidores, melhora a vida para quem planta e leva alimentos saudáveis para quem compra, surgiu no Brasil em 2011. Através da CSA, uma vez por semana, o Lucas vem até Nova Venécia, e em uma caixa de madeira construída no próprio sítio, traz alimentos orgânicos para 20 famílias. O recipiente é deixado na casa destas pessoas, e o agricultor volta para a sua propriedade rural, com a caixa vazia, que foi deixada na semana anterior por ele ali. O pagamento dos produtos é mensal ou semanal. A diferença do que é adquirido por estas famílias e daquilo que outros compram no supermercado, é que, tudo é natural, saudável, sem agrotóxicos e plantado sob a coordenação do pesquisador.
Na caixa chega à casa dos consumidores, distribuída em 65 tipos de alimentos, entre eles, pão, milho, trigo, banana, batata doce, aipim, inhame, café e entre outros, tudo sem produtos químicos. Cada entrega é diferente da semana anterior. O custo desta embalagem repleta de saúde e preparada com muito carinho, é de R$ 50 por semana.
Antes de iniciar o CSA havia muito desperdício e pouca renda econômica. Produzíamos a mesma variedade de alimentos de hoje, e comercializávamos apenas 15. Hoje comercializamos todos, distribuídos equilibradamente entre as famílias que compõem o CSA”, revela.
No Sítio São Lucas há regra quanto as embalagens, quanto menos, melhor. As frutas, por exemplo, e hortaliças, chegam na casa dos consumidores apenas na caixa. Já a cartela de ovo é feita da bainha da palmeira buriti. O pão é totalmente orgânico de fermentação longa, com 20 horas de preparo, toda vez que chega ao destino final, tem um rótulo mostrando a importância da fermentação natural, falando dos benefícios e entre outros assuntos. O café, que também é produzido no Sítio, apresenta rótulo artesanal, originado pela família Pilon. “Na semana da entrega enviamos um informe, uma espécie de jornal, com os alimentos da cesta e uma mensagem, que pode ser receita de algum alimento ou importância nutricional ou atividade que marcou a semana no sítio.
O Lucas e a família cultivam em seus 42 hectares de terra, os produtos da CSA, que geram lucro economicamente sustentável, recebendo no local visitas monitoradas de escolas e instituições. O sítio vale a pena ser frequentado, já que valoriza a produção local e respeita o meio ambiente. Informações: 27 99978 1288.