A cidade de Montanha, no Norte do Espírito Santo, tem uma atração a mais a assistir pelos próximos meses até as eleições de 2024. Nas últimas semanas, a ex-prefeita da cidade, Iracy Baltar (Republicanos) reapareceu das cinzas, como uma fênix, e começou a se movimentar deixando claro que ela é (futura) candidata nas eleições do próximo ano. Enquanto isso, não é novidade para ninguém do mundo político que o atual gestor da cidade, André Sampaio (PSB), é candidatíssimo à recondução. André é prefeito de primeira viagem, e foi eleito com as bençãos do grupo político do ex-prefeito Favarato. Iracy fez carreira na política: eleita em 2008, e depois, em 2016.
Iracy já disse para a reportagem da Rede Notícia em tempo pretérito que o nome dela estará à disposição dos montanhenses. André não diz, mas deixa claro o intento. Sabe a música do Alceu Valença: “Tu vens, tu vens, eu já escuto os teus sinais”. É tipo isso. Nos últimos dias, Iracy posou nas redes com o deputado federal Gilson Daniel (que se movimenta com o governador para tentar viabilizar seu nome na disputa ao Palácio Anchieta em 2026). André (atual prefeito) é filiado ao PSB, partido de Renato Casagrande. Mas, Gilson apoiará uma candidata sabendo que o próprio governador (seu padrinho político) tem candidato em Montanha? A ver.
Disputa apertada
Em 2020, André Sampaio (PSB) foi eleito prefeito de Montanha com 4.852 votos, ante 4.552 votos de Iracy.
Meu passado me condena?
Iracy Baltar tem motivos à dar para a oposição bater: ficou fora de Montanha desde de que perdeu a eleição em 2020. Passou a viver à beira-mar, na Capital do Espírito Santo. É um ponto ruim pois lugar de quem perde eleição é fazer oposição democrática, na cidade, apontando os erros da gestão e ajudando a construir um ambiente político republicano, como o próprio nome do partido dela diz (Republicanos). Não é republicano “fugir” da cidade.
A ex-prefeita foi alvo de polêmica, em 2018, por ter comprado a ideia de militarização das escolas municipais, seguindo a cartilha do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Desistiu da ideia depois de protestos e críticas à iniciativa.
Em 2019, a então prefeita teve os bens bloqueados por decisão da Justiça por suposto envolvimento em contratações indevidas. Segundo o Ministério Público (MPES), os contratos firmados entre o município de Montanha e o Instituto de Gestão Pública (Urbis), entre 2009 e 2012, data em que Iracy foi gestora, estavam ausentes de justificativa e foram direcionados. Foi promovida uma terceirização indevida de serviços que poderiam ser executados por técnicos do município. Além disso, o instituto foi remunerado por serviços que não prestou, causando prejuízos ao erário público. A Justiça recebeu ação do MPES e determinou o bloqueio de bens dos réus, considerando o prejuízo total de R$ 520,6 mil aos cofres públicos.
André: o que há dele?
Na Justiça, em consulta pública feita pela reportagem, foi verificado que o Ministério Público (MPES) acionou a Justiça imputando ao prefeito André Sampaio (PSB) suposta prática de ato de improbidade administrativa. Em uma das ações, não há decisão. Em outras duas, a Justiça negou o bloqueio dos bens e o afastamento do prefeito.