Em épocas em que os vídeos games, os celulares e demais eletrônicos estão em alta, meninos do bairro Rúbia voltam ao passado e trazem ao cenário das ruas do local, o brinquedo de madeira; aquele mesmo, uma das principais diversões da meninada da década de 80 e tempos anteriores

Nada mais confortável do que sentar no sofá e curtir aquele vídeo game, com os jogos mais atuais do momento, correto? Errado. Para uma turma do bairro Rúbia, a moda é o carrinho de rolimã, e o melhor, construído por uma dupla, que não pensou somente nela.
O André Assunção Venâncio, 12 anos e o Jhon Wender Alves Souza, 12, são os autores dos brinquedos, que mudaram o visual das ruas onde moram. O barulho dos rolamentos no chão do bairro, deram uma outra conotação para o local, e transformaram a performance de crianças que não estão vidradas em telas e sim, na velocidade das tábuas sobre rodinhas.
Os dois meninos fabricaram os brinquedos também, para os primos do André, que são de Linhares e estavam de férias na casa dele, o Wemerson Venâncio, 12 e o Eduardo, 9. “Vamos levar os carrinhos embora e acredito, que nossos colegas da rua vão adorar. Lá não tem, temos a certeza que vão querer construir para eles. Vamos emprestar os nossos, já sabemos até onde iremos andar lá”, detalham.
Além dos meninos já citados, um dos proprietários dos carrinhos da rua é o Frederico. Um outro diferencial é que, nenhuma das crianças tem celular, isso porquê, os pais preferiram deixar a compra do aparelho para mais adiante, é o que revela o professor Joel Venâncio e a Ana Paula, pais do André. “Terá muito tempo lá na frente para isso, não vemos necessidade no momento. Incentivamos sempre as brincadeiras lúdicas e a criatividade. Eles fizeram tudo sozinhos, não teve ajuda de nenhum adulto”, comentam.
Morro e adrenalina
As ruas do bairro são as pistas dos pilotos, que descalços ou de chinelo, embarcam na brincadeira. O que não falta é adrenalina em um dos morros do lugar. A descida é íngreme e a plateia, é a vizinhança, que das varandas e dos quintais, sempre gritam algo de incentivo para os pilotos, ou se divertem também com os tombos dos meninos. Tudo à moda antiga.
Para dar mais impulso a brincadeira, foi criado até um campeonato de carrinho de rolimã. O evento aconteceu em um domingo e o primeiro colocado, foi justamente um dos construtores da obra, o André.
Fabricação dos carrinhos
Os carrinhos de rolimã foram fabricados há três semanas, na área da casa do André. Ali, como a casa do menino está passando por reforma, material é o que não falta para dar continuidade à imaginação dos garotos.
As tábuas, cordas e tintas foram utilizadas justamente de resto da obra, já os rolamentos, a dupla esteve na garagem da Viação São João, que doou o material para eles, já que estavam inutilizados na empresa. “A construção é simples, em duas horas conseguimos fabricar. Mas tem a tinta, tempo de secagem e as adequações personalizadas para cada piloto, isso demora mais um tempo, depende”, diz o André.
Os ajustes que o menino se refere, é a metragem de cada corpo ao carrinho. Não pensem que uma forma serve para todos, a criançada é detalhista e mede cada centímetro, para que a segurança e o bom desempenho do motorista, seja evidenciado na pista. “Tem que prestar atenção na hora de fabricar, deixar tudo pronto. Tem as medidas dos braços, dos pés, do rolamento entre a madeira. A gente usa óleo nas rodas também, é adequado para o melhor funcionamento do carrinho”, diz Jhon Wender.
Divertido, criativo e uma brincadeira que necessita de raciocínio rápido, a turma do Rúbia é a prova de que, voltar ao tempo tornou-se nas ruas um diferencial e agora, é o carrinho de rolimã que comanda a sensação do momento.

