Acompanhar a mulher durante o período da gestação até os primeiros meses após o parto, com foco no bem estar da gestante; este é um dos principais papeis da Daniele Gonçalves dos Santos, 28 anos. Formada em fisioterapia e mestranda em Políticas Públicas pela Emescan, a moradora de São Gabriel da Palha, decidiu investir em outro ramo: ela é uma doula.
Mesmo com muitos narizes sendo torcidos contra a ocupação, quando contratada, é ela a responsável a dar suporte físico e emocional a outras mulheres, antes, durante e após o parto. E isso pode ser um diferencial, até porque, se for analisado bem, o médico fica focado com os aspectos técnicos do parto, as enfermeiras circulam de leito em leito, se ocupando hora de uma, hora de outra mulher. As auxiliares de enfermagem cuidam para que nada falte ao médico e à equipe. E quem cuida especificamente do bem estar físico e emocional daquela mãe, que está dando à luz? Essa lacuna pode e deve ser preenchida pela doula.
“Já atendi mais de 30 mulheres e posso dizer, que a partir do momento que a gestante entende realmente o processo, tudo fica mais fácil. Parto normal é algo natural, é fisiológico e se os mitos forem desmistificados, não há lugar para o medo. O principal é a informação, e isso é um dos objetivos da doula, levar e tratar o assunto, cientificamente”, fala.
Daniele conta que seu trabalho começa, geralmente, quando a mulher está entre a vigésima terceira semana, o que condiz ao quarto mês. O primeiro passo, de acordo com a doula, é o conhecimento da família. “Realizamos encontros, que contém informações em vídeo, mostrando a realidade do sistema obstétrico brasileiro, e de como ele deveria ser, cientificamente. Apresento explicações à futura mamãe e mostro embasado em estudos, que o parto normal não pode ser um sofrimento. Não estou dizendo que será sem dor, afirmo que não é necessário ser sofrido”, conta a doula, que ainda explica. “É importante que quem vai estar no dia em que a mulher entrar em trabalho de parto, também esteja nestes encontros, seja o pai da criança ou outro familiar, ou amigo”.
Daniele, que atua na humanização de todo processo que envolve a gravidez, é categórica em lembrar que, seu trabalho nada tem a ver com os dos profissionais da medicina, e que está no mercado para somar, no quesito do bem estar da mulher.
“No momento que a mulher entra em trabalho de parto, vou para casa dela. É hora de criar um ambiente aconchegante, até o momento dela ir para o hospital. Ali faço massagens, fazemos trabalho de respiração e iniciamos técnicas de alivio de dores não farmacológicas. Banhos, escalda-pés e aromoterapia também estão inclusos neste momento, tudo para favorecer a ocasião. Encorajamento e levar a mulher a agir de forma primitiva, também é importante”, relata.
Dados
De acordo com Daniele, que atende em todo Espírito Santo, o custo para todo atendimento prestado pela doula, vai de R$ 1 mil, a R$ 1,2 mil, sendo marcado três encontros antes do parto, e dois depois, sem contar com a presença na hora do parto. “Já atendi voluntariamente muitas vezes também. Vou com a mulher para o hospital. Quando a unidade não permite a presença da doula na hora do parto, revezo com o pai ou a pessoa que esteja acompanhando a mulher. Meu trabalho chega para auxiliar, nada tem a ver com procedimentos médicos”, conta.
No Estado existem cerca de 80 doulas, que para exercer a ocupação, fazem cursos, estágios e treinamentos. “Me formei há menos de um ano. Já acompanhei mulheres que fizeram parto normal e de cesariana, às vezes é preciso. Mas nada vem do achismo, tudo é de acordo com estudos e científico. Quase 100% dos partos podem ser normal. Respeitar a hora do bebê nascer, pode trazer toda diferença para a vida daquele ser tão amado, que acabou de chegar ao mundo”, explica Daniele.
No Distrito Federal, por exemplo, a participação da doula durante os partos, é um direito garantido às mulheres, atendidas tanto na rede pública ou privada, através da Lei nº 5.534/2015. Atualmente a atuação da Doula é reconhecida e recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde. Sua presença nos partos domiciliares, hospitalares e em casas de parto vem aumentando gradativamente.
Daniele faz atendimento também on-line.
Para entrar em contato com a doula: (27) 99852-7671; @danidoulaa; Fanpage Dani Doulaa.
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Mãe pela primeira vez
“Sou operdora de caixa e mãe pela primeira vez. Conheci a Dani através de um grupo de mulheres, em um aplicativo. Logo no início decidi procurá-la, isso por volta dos quatro meses de gestação. Desde então, ela veio nos acompanhando e trazendo informação de qualidade. Meu trabalho de parto foi a experiência mais louca e surpreendente da minha vida. Aurora nasceu de um parto normal e humanizado, no SUS, sem episiotomia, que é o corte no períneo; e falando em períneo o meu se manteve íntegro, e isso é uma vitória. Provei a mim mesma, que eu era capaz de parir. Conseguimos ser respeitadas. Pari um bebê saudável e lindo. E o papel da minha doula foi extremamente importante neste processo, onde a mulher se encontra frágil e precisa de amparo emocional e até mesmo físico. Meu parceiro também teve participação, sem os dois eu confesso que teria desistido. O trabalho da Daniele é extremamente importante para a sociedade, onde é necessário disseminar informação, para não ser roubada nossa capacidade de parir e sermos respeitadas. Humanização não é modinha, é um direito”
Marina Alves dos Santos, 23 anos – Serra
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Parto normal rápido
“A Izabely nasceu no último 29 de março e foi a minha terceira gestação, e foi de parto normal, pelo SUS (Sistema único de Saúde). Antes, eu não conhecia o que era doula. Fui para o hospital às 4 horas da manhã, e minha filha veio ao mundo, cinco horas depois. Quando vi Daniele na porta da maternidade, entrando, me senti muito forte. Claro que estava com muitas dores, mas com ela, tudo foi mais fácil, pois, a doula estava comigo na sala de parto. Foi tudo muito rápido e tranquilo, ao contrário dos meus outros partos. Ela é uma grande profissional, muito especial. Nunca vou esquecê-la porque, ela fez toda diferença”
Vanessa Lourenço Silva, 19 anos São Gabriel da Palha
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Cesariana
“Tentei parto normal incansávelmente, mas foi preciso fazer uma cesária. A Daniele segurou a minha mão, sentiu comigo as emoções de trazer o Leônidas ao mundo. Ela passou a noite realizando técninas, para o meu bem estar: massagens, banhos e aromoterapia. Falar dela sempre me causa emoção, senti nos cuidados comigo, ao olhar em seus olhos, um espelho de minhas emoções. Vi em seus olhos, a minha dor; vi em seus olhos, a minha força; vi em seus olhos os meus receios. Hoje sou amor e gratidão por completo. Nunca cansarei de a agradecer, ela que esteve comigo durante o meu trabalho de parto, em minha casa. Que ela seja para muitas outras mulheres, o que foi, e o que sempre será para mim”
Caroline Rodrigues, 26 anos – Marataízes
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Pai foi o responsável pela chegada da doula na família
“A Frida tem 23 dias e nasceu de parto normal, sempre desejei que fosse assim. Fiquei sabendo o que era uma doula, através do meu marido. Ela incentivou para que eu a procurasse. Nossos encontros foram on-line, e tenho total convicção que a Dani foi de total importância em meu parto. É diferente a explicação dela, ela cuida realmente de uma parte nossa, que a medicina convencional não cuida, os médicos atuam de forma automática, formal. Foi uma experiência incrível poder contar com uma doula”
Jussara Paoliello, 24 anos – Colatina
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O que é Doula?
Doula é uma assistente de parto. É aquela pessoa que estará com a mulher para orientar sobre todos os processos da gestação, durante a gravidez, no momento do parto, e no pós-parto, visando o bem estar da mulher.
O que a doula faz?
Antes do parto a doula orienta a gestante, pai e família sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas. Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e a gestante. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e suaviza a eventual frieza da equipe de atendimento, num dos momentos mais vulneráveis da mulher. A doula ajuda a gestante a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc. Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.
O que a doula não faz?
A doula não executa qualquer procedimento médico, não faz exames, não cuida da saúde do recém-nascido. Ela não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto. Também não é sua função discutir procedimentos com a equipe médica ou questionar decisões.
Vantagens
As pesquisas têm mostrado que a atuação da doula no parto pode:
· diminuir em 50% as taxas de cesárea
· diminuir em 20% a duração do trabalho de parto
· diminuir em 60% os pedidos de anestesia
· diminuir em 40% o uso da oxitocina
· diminuir em 40% o uso de forceps.
Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS)