quinta-feira, outubro 10, 2024
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Febre Maculosa: Nova Venécia registra dois casos na mesma família

A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito Santo (SESA) registrou dois casos de Febre Maculosa em Nova Venécia. A confirmação chegou através de exames laboratoriais, sendo emitidos em junho deste ano. Um deles é da aposentada Jamili Mazarini, de 64 anos, e o outro, do produtor rural, Roque Mazarini, 57. Os dois são irmãos e moram na mesma propriedade, no Córrego da Volta, a 12 Km da zona urbana veneciana.

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Além dos dois casos, a família Mazarini suspeita que mais outros dois membros da família, também tiveram a doença: o patriarca, seu Pedro Mazarini, e outra filha do aposentado, a Penha, que não precisou ficar internada, e também não foi feito exame para constatar a doença. Tudo começou no final do último mês de maio. “Meu pai faleceu com os mesmos sintomas que a minha irmã estava, ela foi a primeira a sentir. Os exames laboratoriais apontaram também as mesmas coisas: funções hepáticas comprometidas e plaquetas baixas. Infelizmente não deu tempo de fazer o exame nele, ele foi internado pela manhã e foi a óbito a tarde, por volta das 14 horas. Antes disso, ele havia sido levado ao hospital, três dias antes, foi consultado e liberado. Papai teve Covid também, diagnosticado no mesmo dia da morte dele. Não tivemos como fazer velório, foi tudo muito rápido, mas já no cemitério, meu irmão começou com os mesmos sintomas que meu pai teve e a minha irmã, e aí, o desespero nosso continuou”, fala uma das filhas do seu Pedro, a Luziane Mazarini Caliman.

“Meu irmão ficou em coma induzido e teve nove dedos do pé amputados e os exames indicaram a febre maculosa. É um milagre ele ter sobrevivido”

Luziane Mazarini Caliman, filha do seu Pedro

O irmão da Luziane, o Roque, foi atendido no Hospital São Marcos, depois no Meridional, em São Mateus, e em seguida, transferido para o Hospital Dr Roberto Arnizaut Silvares, local onde ficou em coma induzido e teve nove dedos do pé amputados. “Lá eles fizeram o teste para febre maculosa, e como o resultado demora a chegar, começaram com a medicação. É um milagre ele ter sobrevivido, o caso dele foi extremamente grave. Já a minha irmã, a Jamili, ainda internada, ela mostrou uma picada de carrapato no corpo dela, foi então que avisamos à equipe médica. Mas a febre maculosa era algo tão distante, que eu jamais acreditava que seria isso, para mim, era algo na água consumida”, explica.

Com o que aconteceu na família, Luziane e mais um morador da região registraram uma Manifestação no Ministério Público, pedindo providências. “Nosso medo é constante, estive lá no fim de semana passado e voltei receosa, não tem como ficar em paz. Nosso pedido é que seja feito ao menos, a coleta nos focos de carrapato, na localidade. Os moradores estão dedetizando os quintais, mas, e a redondeza, como fica? Precisamos de medidas mais certeiras por parte do serviço público”, narra.


Febre maculosa

A doença é transmitida a partir da picada do carrapato-estrela, contaminado pela bactéria Rickettsia rickettsii. Entretanto, ele não é um carrapato comum, como por exemplo, os encontrados em cachorros.

Ao todo no Espírito Santo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), em 2022, foram registrados 10 casos de febre maculosa, sendo seis óbitos. Os outros quatro pacientes se recuperaram.

Segundo especialistas, para que aconteça a transmissão da doença, o carrapato infectado precisa ficar por algumas horas (cerca de 4 horas) fixado na pele das pessoas.

Por serem muito pequenos, os carrapatos mais jovens tornam-se mais perigosos por serem mais difíceis de serem vistos pelas pessoas.

É importante ressaltar que não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra. Entre seus principais sintomas estão febre, manchas pelo corpo, dores de cabeça e pode levar à morte.

Quais os sintomas da febre maculosa

De começo repentino, a doença tem sintomas comuns a de outras infecções, como:

  • Febre alta;
  • Dor no corpo;
  • Dor da cabeça;
  • Falta de apetite;
  • Desânimo.

Secretaria de Estado da Saúde (Sesa)

A Secretaria de Estado da Saúde informa que, em relação à febre maculosa, em 2022, até a semana epidemiológica (SE) 42, somam 13 casos de febre maculosa no Espírito Santo, sendo 07 óbitos e 04 curas e 02 em acompanhamento. A Secretaria ressalta ainda que, junto às superintendências regionais de saúde, tem trabalhado no apoio aos municípios capixabas em ações de vigilância. Entre as ações, destaque à solicitação de medidas de orientações e cuidados à população, como ações educativas para se evitar frequentar espaços onde há suspeitas da presença de animais que possam ter carrapatos que transmite a doença. Além disso, a Sesa emitiu uma nota de alerta aos profissionais da saúde sobre sintomas, tratamento da febre maculosa e tem realizado capacitações para o fortalecimento da assistência, assim como investigação da doença.

CASOS FEBRE MACULOSA 2022
Cura:

Afonso Cláudio (01)
Cachoeiro de Itapemirim (01)
Nova Venécia (02)
Confirmados em acompanhamento:
Aracruz (01)
Mimoso do Sul (01)
Óbitos:
Itapemirim (03)
Mimoso do Sul (01)
Vila Pavão (01)
Colatina (02)

Vigilância Epidemiológica de Nova Venécia

Procurada pela reportagem de A Notícia, a Vigilância Epidemiológica de Nova Venécia, através da médica veterinária responsável pelo setor, Maria Guadalupe Dias, respondeu que, acompanhou os dois casos de febre maculosa registrados no Córrego da Volta, e também, que foi realizado trabalho educativo na comunidade, com palestra, e distribuição de material gráfico para os agentes de saúde do interior.

“Fizemos um movimento de orientação e prevenção. Sobre a febre maculosa é preciso evitar ter contato com o carrapato. E em caso de suspeita, é necessário iniciar a medicação específica, antes mesmo do resultado dos exames”, diz Guadalupe. Ainda, a médica veterinária informou que, constantemente são feitos treinamentos e reuniões sobre os agravos com equipes da Saúde do Município, na intenção de alertar sobre doenças, inclusive a febre maculosa. A respeito do pedido do pedido da família sobre que sejam recolhidos material nos focos de carrapato na localidade, a Vigilância informa que, este trabalho específico é recomendado quando há um surto. “Já sabemos que o vínculo epidemiológico ocorreu na propriedade da família citada apenas. Se houvessem outros casos, um surto, seria o caso deste recolhimento do material para análise”, explica.

Ministério Público

Em nota o Ministério Público (MP) em Nova Venécia informou que foi instaurado no Ministério Público (2ª Promotoria de Nova Venécia) o procedimento registrado sob n° 2022.0017.9439-21, para informações junto à Secretaria Municipal de Nova Venécia, quanto a eventual contexto epidêmico ou foco de febre maculosa, na localidade do Córrego da Volta, zona rural do Município de Nova Venécia.

O MP informou que, conforme dados encaminhados pela unidade gestora Municipal responsável, até agosto de 2022, foram notificados dois casos positivos para febre maculosa e nenhum óbito, conforme dados extraídos do Sistema de Informação do SUS e Vigilância em Saúde.

Ainda, segundo as informações prestadas a partir da suspeita do primeiro caso, este ano, de febre maculosa na região do Córrego da Volta, a equipe de Vigilância Epidemológica da Secretaria Municipal de Saúde manteve contato com todos os pacientes contaminados e com a agente comunitária de Saúde da área, prestando atendimento para realização dos exames laboratoriais e orientações para toda a população residente no local.

Além disso, foi realizada reunião com os moradores da localidade, para instrução, com relação à prevenção da doença, conduta de casos suspeitos e distribuição de material gráfico informativo para todas as Unidades de Saúde que atentem a zona rural do Município.

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