Mesmo diante das limitações comuns de uma propriedade rural pequena, mas com determinação e vontade de trabalhar, o cooperado da Veneza, José Ivaninho Almeida da Silva, ao lado da esposa, Fátima Aparecida Vieira da Silva Alves, provou que é possível baratear o custo de produção e conseguir renda expressiva com a atividade leiteira.
Na propriedade do casal, que fica situada no assentamento Boa Vista, município de Ecoporanga, o produtor tira em média 18 litros de leite por animal/dia, e mantém suas sete vacas em um espaço de apenas 1,1 hectare de terra, que é dividido em 32 piquetes formados de capim braquiária.
Os bons índices refletem em uma renda média de R$1.200,00 por mês, livre de todos os custos de produção, mesmo após um ano complicado devido à estiagem hídrica.
Mas para chegar a estes números não foi fácil. Há dez anos instalado no local, José Ivaninho conta que no início trabalhava para outros produtores e mantinha na propriedade apenas uma horta para consumo próprio.
Com o dinheiro de uma colheita de café, marido e mulher conseguiram comprar três vacas e começaram a tirar leite. Mas diante de falta de assistência técnica, as dificuldades apareceram e como os animais não tinham boa genética, eles desistiram, venderam o gado e pararam de tirar leite.
Anos depois, com a abertura do programa Pronaf, o casal conseguiu colocar irrigação, montar os piquetes e adquirir mais três animais, desta vez com características genéticas voltadas para produção de leite. Mesmo assim o desânimo havia tomado conta devido à falta de assistência técnica.
Após muita luta sem grandes resultados, o produtor conheceu o programa Leite Certo Veneza. Foi então que surgiu o interesse em participar e desde então, há dois anos e meio, o casal nunca mais pensou em parar de tirar leite. “Foi nesse período que eu acertei o manejo e passei a trabalhar com todos os dados anotados e detalhados. Vendo o resultado positivo, não penso mais em deixar a atividade. Procuramos nos viabilizar como produtores e agora conseguimos manter uma vida digna e saudável aqui no campo. Aproveito para dizer que os bons resultados são graças às orientações técnicas que recebemos. O produtor precisa derrubar a resistência inicial e investir em tecnologia para ganhar dinheiro com o leite”, comemora Ivaninho.
No local, duas ordenhas são feitas diariamente pelo casal que faz tudo na mão; uma na parte da manhã e outra durante a tarde. As vacas que compõem o plantel são todas provenientes de inseminação artificial, mas por causa da pequena área utilizada, não é possível fazer a recria das bezerras que nascem na propriedade. O produtor aluga pastos de terceiros e depois, quando os animais já estão grandes, parte volta à propriedade para substituir as vacas mais velhas e outra parte é vendida.
Manejo acertado
Com o acerto no manejo, cada vaca em lactação passou a receber alimentação suplementar com ração conforme a quantidade de leite produzido. Outra investida é a produção de volumoso (capim cameron e cana) para atravessar os períodos de estiagem. A qualidade do leite também é levada a sério e prova disso é que eles sempre alcançam os dois melhores índices no controle de qualidade. O intervalo parto das vacas também foi acertado e hoje gira em torno de 12,5 a 13 meses cada prenhes.
Tudo isso reflete diretamente no bom resultado. Por isso, a atividade leiteira se tornou prioridade para Fátima Aparecida. “Hoje estamos assim graças à assistência técnica que a gente recebe. Se não fosse essa saída nós já teríamos desistido. Conseguimos acertar tudo e agora nós trabalhamos para nós mesmos e não dependemos dos outros”, celebra a esposa.