O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) informou na manhã desta quinta-feira (18), que abriu procedimento para investigar a denúncia do ex-assessor Ademar Pedro Will, 38 anos, que acusou em 2 de janeiro deste ano, a existência de um suposto esquema de rachadinha no gabinete do vereador Thiago Silva (PMN), em São Gabriel da Palha, no Noroeste do Estado. O parlamentar nega a acusação.
A Rede Notícia teve acesso a uma notificação feita pelo MPES ao ex-assessor , a fim de que ele compareça na Promotoria de Justiça de São Gabriel da Palha, às 11h40 da próxima terça-feira (23), e apresente as provas que ele diz ter, que corroborem com suas alegações. Para a reportagem, o Ministério Público disse que a notificação do ex-assessor ocorreu dentro de um procedimento aberto para apurar o caso.
Segundo Ademar, em 2022, o vereador Thiago Silva teria o proposto, dentro da Câmara de São Gabriel da Palha, uma promoção para um cargo com salário melhor, mas, em troca disso, ele teria de dar parte do salário para uma poupança, que seria utilizada na campanha de reeleição do político em 2024. Ademar disse ter rejeitado a proposta, e acusa o vereador de tratá-lo com desonra e rispidez a partir da negativa. Disse ainda, que depois disso, se sentiu coagido pelo político que seguidas vezes o teria o tratado com descordialidade. Ele contou ter registros de transações bancárias, que atestariam a acusação dele. Nós pedimos acesso às provas que o agora ex-assessor diz ter, mas não as obtivemos.
Questionamos o motivo do ex-assessor permanecer no cargo até janeiro de 2024 tendo os supostos fatos ocorridos em 2022. Ele disse que acreditava que o vereador “iria mudar”, mas que isso não teria acontecido, e que precisava do emprego, motivando sua exoneração no primeiro dia útil do ano.
O outro lado
Procurado pela Rede Notícia em 2 de janeiro, o vereador Thiago Silva negou as acusações, e disse que solicitaria um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigá-lo. Não há informações que atestem o pedido do político. O vereador disse ainda que a reação do ex-assessor veio depois dele comunicá-lo de sua exoneração, no dia 2 de janeiro e que após o ato, o ex-assessor “correu” para protocolar um pedido de exoneração para dizer que ele havia pedido a saída do cargo. O vereador diz ter provas disso, no entanto, não as apresentou à reportagem.
Segundo Thiago Silva, em 2021, ele iria exonerar o assessor após tê-lo flagrado o gravando na Câmara Municipal de São Gabriel da Palha, e que não procedeu com o desligamento do funcionário pois ele o pediu desculpas. Nós questionamos o porquê do vereador tê-lo contratado. O político atribuiu o cargo a ajuda do ex-assessor durante sua campanha eleitoral, e que “ninguém iria nomear um estranho”.
Falou ainda que a atitude do ex-assessor é um gesto de “ingratidão”, e ele que jamais pediria rachadinha a um funcionário que recebia nas palavras dele “R$ 1800”. Que não “perderá tempo” processando o ex-assessor pois gastaria muito e receberia pouco, que a Justiça é demorada, e que apenas se desgastaria. Rebateu a acusação de que perseguiria o ex-assessor por ele compartilhar ações do atual governo municipal, dizendo que sempre deixou o ex-assessor à vontade, inclusive para compartilhar post da Prefeitura, cujo governo ele integrou e agora diz fazer oposição, apadrinhado por políticos que se perpertuaram no poder na cidade, um deles que chegou ser até preso suspeito de corrupção.