Para desfrutar do que o campo oferece, produtores rurais confiam seus patrimônios à empresas que ajudam a transformar seus sonhos, em fonte de renda. A confiança e a autonomia, unidas aos programas e créditos ofertados, é um dos segredos para o alavancar dos negócios
Ser cooperado é também acreditar no desenvolvimento do interior, é dar a oportunidade para si mesmo e para outras pessoas, de viver no aconchego, longe dos grandes centros.
Tratar a zona rural como prioridade é o que as três cooperativas selecionadas para esta reportagem, fazem diariamente. É uma das metas do cooperativismo enxergar a quem “cavuca” o chão, como um maestro do crescimento econômico de um País.
O Dia do Cooperativismo é comemorado neste sábado (7), e a homenagem vai para as cooperativas que realmente fazem a diferença e funcionam como verdadeiras agentes de transformação social.
Com investimentos tecnológicos e programas que criam oportunidade de crescimento, a Veneza, a Cooabriel e a Cresol comprovam que a perseverança e a força no trabalho, são aliadas no ideal de cada um de seus cooperados.
Do campo para a cooperativa
Com pouco mais de 23 hectares de terra, o produtor rural Saulo Bastianelo Pilon, 34, é o retrato de quem decidiu aproveitar a trajetória familiar no campo, para também viver do mundo rural.
Juntando as propriedades e colheitas dele, da mãe e da esposa, a família se prepara para colher 2000 mil sacas de café conilon no próximo ano. Já nesta colheita, serão em 900 sacas, em média.
Com cerca de 60 dias de colheita, o trio emprega em média 20 pessoas, e mais seis funcionários fixos durante o ano.
As propriedades que ficam no interior do município veneciano, há cerca de 50 Km, estão localizadas na Travessia.
Como ponto de apoio para a produção, Saulo relata que utiliza a Cooabriel como cooperativa, para armazenar e dar suporte no que necessita. “Vejo que quem trabalha desta forma, consegue mais lucros. A Cooabriel também me dá assistência técnica. Ali eu ainda compro os insumos e só pago após a colheita, e saldo a dívida usando o café como moeda”, fala.
O produtor relata que os benefícios de ser cooperado são imensos, inclusive na tranquilidade que tem, em deixar as sacas de café armazenadas na cooperativa, para comercializar somente quando quiser. “Na roça é perigoso, muito roubo. O armazenamento numa cooperativa é o adequado em todos os sentidos”, explica.
Além da cooperativa, Saulo faz parte da Associação de Pequenos e Médios Agricultores da Travessia (APMAT).
Cooabriel
A Cooperativa Agrária de Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) é a maior Cooperativa de Café Conilon do Brasil, com 54 anos de atuação.
Com 5.715 cooperados, estruturou-se para dar suporte à atividade cafeeira como um todo. Além dos serviços de armazenagem e comercialização – que são os serviços principais da sua atividade agregou muitos outros benefícios na prestação de serviços para atender os sócios.
Sua estrutura lhe permite acompanhar seus cooperados desde a escolha da área para implantação da lavoura, oferecendo laboratório próprio para análises de solo e plantas, produzindo e fornecendo mudas de alto padrão genético, dando orientação de manejo, produção, colheita, secagem, melhoramento da qualidade do café, além de oferecer armazenagem padronizada, comercialização, assistência jurídica e outros benefícios. Um conjunto de serviços que contribuem para maior produtividade e qualidade mais apurada do produto, o que agrega valor, aumentando a lucratividade das lavouras.
De empregada à proprietária
A migração em busca de oportunidades de estudo e de trabalho em cidades maiores, principalmente nas capitais, é uma corrente situação dos interiores.
Oriunda do latim, o cooperativismo é um sistema econômico que faz das cooperativas a base de todas as atividades de produção e distribuição de riquezas. A palavra também pode descrever a necessidade de realizar coisas novas; e foi isso que fez a empresária Sirlene Cesconetto, 33. Há quatro anos, ela que trabalhava como funcionária no setor fiscal de uma empresa de granito, resolveu abrir seu próprio negócio. Junto com o namorado, o Adson de Souza, 34, eles têm hoje uma loja de produtos agropecuários, em Nova Venécia.
Iniciando de forma tímida, o adubo foi um dos primeiros produtos vendidos na empresa, que se expandiu, e agora tem disponível para o homem do campo, defensores agrícolas, material diversos para irrigação e uma grande linha rural.
Para conquistar novos caminhos, Sirlene conta que utilizou de um leque de oportunidades que a Cresol vem ofertando, incluindo até a máquina de cartão e chegando aos custeios, que são as linhas de crédito. “Foi o melhor negócio que já fiz ser uma cooperada deste sistema, que é um grande alicerce para quem precisa investir. Se comparar com a época em que eu era empregada, posso dizer que cresci 90% e deste percentual, 80% veio com a ajuda da Cresol”, diz.
Sirlene acrescenta que a Cresol já fazia parte da vida familiar dela, tendo o pai, também um cooperado.
Cresol
Com a missão de promover a inclusão social da Agricultura Familiar através do acesso ao crédito, da poupança e da apropriação do conhecimento, visando o desenvolvimento local e a sustentabilidade institucional, surgiu há 22 anos o Sistema Cresol.
A Cresol surgiu em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, onde também está instalada a sede da Central Cresol Baser. Hoje o Sistema tem uma área de abrangência com postos de atendimento, além do Paraná nos estados de Santa Catarina, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com expansão para novas áreas.
O objetivo da cooperativa é promover cada vez mais a inclusão financeira e o desenvolvimento social em cada região em que está inserida, aproximando dos cooperados os produtos e serviços financeiros.
Muito além de uma instituição financeira completa, a Cresol é hoje uma referência da força da agricultura familiar. Em Nova Venécia possui cinco funcionários, com cerca de nove anos de atuação.
Três gerações e um só ideal
Tendo a terra como a raiz familiar, o produtor rural Robson Luiz de Souza de Oliveira, 56, traz a tradição que aprendeu com seu pai, ao pé da letra. O campo sempre foi o esteio de tudo que teve na vida, desde muito pequeno, e foi isso que ele resolveu seguir na vida.
As duas propriedades do morador de São Mateus somam 700 hectares de terra, uma fica na localidade Barra Nova e a outra, em Pedro Canário, Cristal do Norte, com três funcionários e mais outros terceirizados.
Juntas, as 250 cabeças de gado que possuem nas duas propriedades, geram 600 litros de leite ao dia, tudo transportado para a Veneza, em Nova Venécia.
Cooperado há mais de 15 anos na indústria veneciana, o produtor confirma a potencialidade que impera a Veneza na região. “Não tenho a menor dúvida de que investi em algo certo. A Veneza é o grande alavanque dos meus negócios, e mesmo morando distante da sede dela, é a única opção rentável que tenho, para meus empreendimentos”, diz.
De acordo com o produtor rural, a produção leiteira ordenhada de seu gado, é transportada a cada dois dias, com a logística ofertada pela Veneza. O produtor relata que entre os programas que aderiu, foi o Leite Certo, uma alternativa que oferta assistência profissional e elaboração de atividades da propriedade. “Meu filho está fazendo faculdade de engenharia de produção, e já trabalha em nossos negócios. Eu não tenho curso superior, tive que cuidar de tudo muito cedo, mas ele vai poder unir tudo, já pegando o investimento com projetos em andamento e prontos. A vida no campo é assim, uma tradição que passa de geração em geração”, finaliza.
Veneza
A empresa tem 1,2 mil cooperados ativos e 65 anos no mercado. Na cooperativa, a média da captação por dia é de 133 mil litros de leite, somando cooperados do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia, que podem contar com cerca de 10 programas de atendimento e apoio.
A Veneza, que tem na presidência, José Carnieli, emprega 400 colaboradores diretamente e está presente em três estados: Espírito Santo, Bahia e São Paulo, oferecendo um mix com 56 tipos de produtos derivados do leite.
Foi incluída entre as 150 maiores empresas do Espírito Santo, conforme o ranking da Findes. A empresa está entre os maiores laticínios produtores de queijos do País.