Reportagem de A Notícia entrevistou três produtores rurais e sindicatos, que alegam prejuízos em suas safras. De acordo eles, gado vem sido abatido e roubado, assim como maquinários, bombas e material de irrigação
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Venécia e Vila Pavão e o Sindicato Rural de Nova Venécia e Vila Pavão (Patronal) afirmam ter entrado em contato com prefeituras, polícias, legislativo e outras entidades, para relatarem que, segundo produtores rurais, o número de roubos e furtos nas propriedades do interior, tem aumentado a cada dia.
Buscando solução ou algo que possa levar mais segurança ao homem do campo, as entidades têm realizando reuniões com os poderes ou através de ofícios, solicitando amparo. O Sindicato dos Trabalhadores e o Patronal divulgam que enviaram ofícios para as Polícias Civil e Militar, Ministério Público, Poder Judiciário, Câmara Municipal de Nova Venécia e Vila Pavão, Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), Prefeituras de Nova Venécia e Vila pavão, Conselhos de Segurança, Secretaria Estadual de Agricultura (Seag), Federação de Agricultura e Pecuária do Espírito Santo e meios de comunicação, evidenciando a real situação vivida por quem vive do campo.
Além dos ofícios, os Sindicatos pedem aos produtores rurais e agricultores, que façam o Boletim de Ocorrência, caso aconteça roubos e furtos em suas localidades. As entidades lembram que, quem não conseguir realizar o boletim, que procure o sindicato, que segundo eles, estão preparados para fazer os boletins on-line ou dar orientações nesses casos.
A reportagem de A Notícia entrevistou três produtores rurais, que por precaução, preferiram não se identificar. Na matéria, os entrevistados tiveram nomes alterados e foram intitulados por nossa equipe por Jonas, João e Sérgio.
Roubos e furtos até durante o dia
O primeiro produtor rural, o Jonas, (nome fictício), teve dois cadeados quebrados essa semana, das três porteiras que têm na entrada de sua propriedade. Ele descreve de forma indignada que, o homem do campo está perdendo a honra e dignidade como ser humano. Traçando um diagnóstico desfavorável ao meio rural, o produtor qualifica o atual cenário do interior como um local onde as pessoas vivem amedrontadas. “Será preciso senso de urgência das autoridades em atuar na questão, sabemos e acreditamos na capacidade de ação do Estado e das instituições governamentais, estas mesmas que se mostraram presentes no combate a recente pandemia da Covid-19. Precisamos desta mesma energia, para que seja utilizada em favor do homem do campo. Roubos, furtos, exposição de seres humanos a situações de humilhação e perda da honra e dignidade, estão sendo frequentes. Receio, medo e desestímulo são os principais sentidos que acompanham o produtor rural e seus trabalhadores, precisamos ser ouvidos e amparados urgentemente”.
Ele ainda relata que dois produtores próximos à sua propriedade tiveram oito animais abatidos e furtados nos últimos dias, mesmo que medidas de segurança tenham sido otimizadas e implementadas”, completa Jonas ainda dizendo: “Sabemos e somos bons em cuidar do gado, da lavoura de café e pimenta do reino, na questão segurança, precisamos de ajuda das instituições governamentais”.
Indo na mesma direção em relação ao “terror” que tem vivido o homem do campo, o João, ( nome fictício), afirma que o roubo de pimenta e café tem sido maior, devido à recente alta de preço dos produtos, incluindo nesse meio, o gado também, já que a carne bovina também passou por acréscimo. “O homem do campo está vivendo amedrontado dia e noite. Fui furtado em um trailer de transporte de animais, bomba, motosserra, pulverizador e muitas outras coisas. Todo dia acontecem crimes no meio rural da nossa região. Estamos com dificuldade até de contratar pessoas para trabalhar no campo, eles não querem viver na roça mais, estão com medo, não temos segurança em momento algum”, revela.
Para o Sérgio, (nome fictício), a esperança em resolver o problema enfrentado com roubos e furtos, é pequena. Mais uma vítima de criminosos, o produtor rural foi furtado três vezes ano passado, sendo uma delas, na noite do Natal. Para completar, na noite anterior que essa reportagem estava sendo produzida, o irmão dele teve duas vacas furtadas. “Pode fazer o que quiser, que não adianta. Eles são presos hoje e soltos no mesmo dia, como aconteceu em uma das vezes que criminosos entraram em minha propriedade. Não tenho muita esperança”, esclarece.

Wasley Darós Cesconeto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Venécia e Vila Pavão

Tadeu Colombi, presidente do Sindicato Patronal

Tenente-coronel Dal Col, comandante do 2° Batalhão de Polícia Militar