As mãos de duas venecianas, foi o que as ajudou na longa caminhada do tratamento do câncer de mama. Através do toque, a enfermeira Angela Soto Cunha, tão acostumada a cuidar de gente, se viu precisando de cuidados. De um jeito inesperado, a Rosimeire também notou que algo estava errado, ao palpar seus seios. O autoexame foi o alerta para que ambas procurassem ajuda médica, e a partir de então, iniciar a luta pela vida
Outubro é o mês da conscientização do câncer de mama. Apesar do Brasil já participar do movimento Outubro Rosa há quase duas décadas, ainda existe bastante desinformação sobre o assunto.
Para ajudar a conscientizar a população sobre o tema, A Secretaria de Saúde e o Hospital São Marcos realizam, neste sábado, a partir das 8h30, em parceria com a Rede Notícia, o Laboratório Coser e a CBL Lotes, o Dia D, na Unidade Ângelo Piassaroli e na Praça do Imigrante, no Centro. Ainda, com intenção de alertar sobre a importância do diagnóstico precoce, do tratamento e do autoexame, trouxemos histórias de duas mulheres, que descobriram que algo estava errado, depois do toque nas mamas. O alerta para elas foi ligado, e a corrida pela vida iniciada.
A enfermeira e coordenadora do curso de Enfermagem, da Multivix, Angela Soto Cunha, 42 anos, descobriu o câncer na mama esquerda, aos 40 anos. Casada com Sérgio Roberto da Silva Cunha, mãe de dois filhos, um de 24 anos e outro de seis, ela relata que o apoio do marido e da família, foi essencial para o processo na hora da descoberta da doença e todo tratamento.
A Rosimeire de Oliveira Pettine, 49 anos, também passou pelo mesmo processo de tratamento e cirurgia. Casada com o comerciante José Pettine, mãe da Jéssica, 29, e da Jamilly, 24, ela conta que também teve na família, o amparo que precisava para continuar. Quando perguntado se ela chegou a achar que iria morrer, Rosimeire respondeu que sim. Mas hoje, as histórias das duas já têm páginas praticamente viradas. Rosimeire só vai precisar voltar às consultas e exames de rotina, a cada ano. Já Angela, estava no momento da entrevista, fazendo sua última imunoterapia. A Rede Notícia mais um ano traz a conscientização sobre a necessidade do tratamento do câncer de mama, e junto mostra histórias de quem pensou em desistir, mas aqui estão elas, com nova vida e confiantes em dias melhores!
Descoberta do câncer aos 40 anos
“Descobri o câncer em 2019. Sou enfermeira e estava realizando uma ação justamente sobre o Outubro Rosa. Naquele dia explicamos aos rapazes que trabalham na Rede Notícia, que o homem também pode ter câncer de mama. Junto com a equipe toda e eles, pedi que chegássemos em casa e fizéssemos o autoexame. Eu fiz. No momento descobri um caroço e já notei que ele não tinha formato arredondado como um nódulo ou glândula, quanta preocupação. Isso foi em um dia de sábado, na segunda-feira já fiz a mamografia, ali já foi confirmado que realmente algo estava errado, fiz a ultrassonografia também. Fui encaminhada para Hospital Santa Rita, em Vitória, fiz consultas, exames e foi diagnosticado um tumor de 0,4 milímetros, maligno e agressivo. Em dois meses ele cresceu dois milímetros. O câncer que eu estava enfrentando era um dos mais agressivos. Precisei fazer quimioterapia, radioterapia, cirurgia para fazer o quadrante do seio, tive todos os sintomas do tratamento, inclusive a queda de cabelo, fiquei seis meses sem trabalhar. Não há como enumerar uma coisa ruim, tudo é ruim, assustador. Durante o processo fiz também imunoterapia, inclusive, enquanto estou sendo entrevistada, estou fazendo, graças a Deus, a última sessão. Muitas vezes achei que eu não fosse conseguir, que não iria dar certo. Todas as vezes que venho aqui, fico triste, são muitas mulheres passando por essa mesma doença, essa mesma dor. Eu estou viva, primeiro, graças a Deus, e depois, por ter descoberto no autoexame, que algo estava errado. Deus permitiu que eu estivesse aqui hoje contando essa história. O tumor que tive é dos mais agressivos, só não evoluiu para metástase porque foi descoberto cedo. Se eu puder aconselhar as mulheres e a todos, digo que a mudança de hábitos alimentares pode nos ajudar muito, sair do sedentarismo também. Outra coisa, nós temos a maior tecnologia para a descoberta do câncer de mama em nossas mãos. Precisamos fazer o autoexame e é necessário continuar falando disso e desenvolvendo ações sobre a doença. Falar adianta sim, alertar, ensinar que podemos ser salvas por nossas mãos, adianta muito. Não tem essa de dizer que realizar campanhas de conscientização é bobagem, porque não é. Vamos continuar falando sobre o assunto, isso pode ajudar a salvar vidas”.
Angela Soto Cunha, 42 anos
Exames não detectaram, mas o autoexame, sim!
“Isso foi em 2016, eu tinha 43 anos. Estava deitada e decidi fazer o autoexame. Ao tocar meus seios, notei que algo de errado tinha em um, no esquerdo. Senti um caroço. Eu havia feito mamografia e os exames há três meses, não tinha dado nada. Mesmo assim, entrei em pânico. Marquei consulta, fiz exames novamente. Nada acusou nos exames de novo, mas a médica também sentiu o caroço, e logo vi que era maligno, pelos relatos dela. Ela me encaminhou para Vitória. Lá, a médica pediu uma pulsão. Foram cerca de 15 dias de espera do resultado. Quanta angústia, quanto sofrimento. Mesmo com a quase certeza de que era maligno, a gente acha que nunca vai acontecer com a gente e eu tinha esperança de que não seria nada. Mas foi ao contrário. Tive o diagnóstico de um câncer maligno. Ali começou a minha luta, fiquei sem chão. Fiz quimioterapia, radioterapia e cirurgia, fiz o quadrante da mama. Fiquei muito mal, na quimioterapia eu fiz a vermelha e a branca junto, muito sofrimento, enjoo, vomito, muitas dores, eu não conseguia ficar sentada, é desesperador. Pensei que eu fosse morrer, mas passou, sobrevivi, estou viva graças a Deus. A fé me ajudou demais, sem a fé, sem Deus, não teria como seguir. Meu marido, minhas filhas, minha família sempre esteveram ao meu lado, nunca estive sozinha, isso é um diferencial. Tem homens que abandonam as esposas nessa época, eu tive tudo em dobro, todo o apoio. Em dezembro vou à consulta e depois, só irei retornar a cada ano. Estou em minha última caixa de remédio. Para as mulheres eu digo que não deixem de fazer os exames e muito menos o exame de toque, foi o que me salvou. Já que a mamografia e a ultrassom, não detectaram o nódulo, minhas mãos foram o apoio para iniciar a busca pelo tratamento e salvar a minha vida. Estou bem e ressalto que não deixem para depois, se sentir um caroço, algo estranho, procure o médico, quanto mais rápido, mais breve a cura”.
Rosimeire de Oliveira Pettine, 49 anos