segunda-feira, maio 20, 2024
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Multidão pede justiça pela morte de mulher em hospital de Ecoporanga; vídeo

Grupo fez protesto em memória de Gessik Dettemann Bello, de 32 anos.

Um grupo com dezenas de pessoas se reuniu e protestou na noite desta quarta-feira (8), nas ruas de Ecoporanga, no Norte do Espírito Santo, pedindo justiça pela morte de Gessik Dettemann Bello, de 32 anos, ocorrida na terça-feira (7), após a mulher aguardar por atendimento médico na Fundação Médico Assistencial do Trabalhador Rural de Ecoporanga (Fumatre), o hospital da cidade. A família acusa o hospital de negligência. Após o fato, o médico João Roberto Dal Col foi afastado do hospital. Um vídeo ao qual a reportagem teve acesso, mostra o desespero da irmã de Gessik para que a equipe de plantão atendesse a vítima, ante a uma aparente passividade dos técnicos, enfermeiros e do médico plantonista. Dois meninos ficaram órfãos da mãe.

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Gessik Dettemann Bello, de 32 anos. Crédito: Reprodução / Montagem Rede Notícia

Ponto a ponto: o fato relatado

  • Segundo a irmã de Gessik, Wanessa Dettmann, a vítima começou a passar mal no dia 1º de maio. No dia seguinte ela melhorou. No dia 3, Gessik reclamou de dores no corpo, e no dia 4 de maio, ela teria começado a sentir febre. No dia 5 de maio, a mulher começou a sentir além de febre, fraqueza no corpo.
  • De acordo com a irmã, a vítima procurou ajuda em um ponto de atendimento no bairro Benedito Monteiro, em Ecoporanga, para averiguar o possível diagnóstico de dengue. Lá, a equipe teria orientado que Gessik procurasse a Unidade Básica de Saúde a fim de realizar o teste de dengue. Ao chegar na UBS, Gessik teria sido informada que não havia teste de dengue disponível, e ainda teriam a orientado a realizar o exame na via particular, uma vez que nem no Hospital Fumatre estaria sendo feito o teste.
  • Segundo a irmã de Gessik, diante da negativa do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade em fazer o teste de dengue, foi agendado um exame particular para terça-feira (7). No mesmo dia, a vítima pegou o resultado do exame e foi ao Hospital Fumatre para o dianóstico médico.
  • De acordo com o relato de Wanessa Dettmann, após a cena do vídeo que se espalhou nas redes sociais, no qual a irmã de Gessik clama por atendimento, que só foi feito após a vítima cair desacordada na parte externa do hospital, a Gessik foi levada para dentro do hospital, onde o quadro de saúde se agravou.
  • “Ela começou a tomar soro, e a pressão dela foi só abaixando, a saturação também. Ela não estava consguindo urinar, e estava inchada de tanto soro. Eles (a equipe médica) não estava nem aí. Ela reclamava de dor no peito, muita falta de ar, e eles falando que era normal porque ela estava desidratada e foi quando ela deu três piques de desmaio, e eles viram que ela estava piorando, e transferiram ela para o Hospital Estadual Dr. Alceu Melgaço Filho, em Barra de São Francisco. Lá, os médicos não conseguiram vaga para ela na UTI, e quando foram intubar ela para aguardar a UTI, ela começou a dar parada cardíaca, que se repetiu três vezes seguidas. Eles tentaram reanimar ela, mas ela veio a óbito (na terça-feira)”, lamenta Wanessa Dettmann, irmã de Gessik Dettemann Bello.

Versão da Polícia Militar

A Polícia Militar confirmou que foi acionada na manhã de terça-feira (7), para verificar o que chamou de “possível desentendimento entre um médico e uma paciente em um hospital, no bairro Nossa Senhora Aparecida, em Ecoporanga”.  Segundo a versão da PM, no local, a mulher relatou que chegou à unidade acompanhando sua irmã e, por causa da demora no atendimento, foi até a sala da administração. Ela disse que, nesse momento, o médico chegou bastante exaltado e começaram a discutir. “Em conversa com o profissional, ele disse que, como de praxe ao iniciar um plantão, foi realizado o atendimento dos pacientes e, posteriormente, foi atendido o Pronto Socorro e isso gerou uma demora. O médico disse que houve uma discussão, mas que logo se acalmaram”, informou a Polícia Militar.

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Secretaria de Saúde pediu explicações ao hospital

A reportagem teve acesso a um documento assinado nesta quarta-feira (8) pelo secretário de Saúde de Ecoporanga, Fernando Alves Peres, em que ele solicita que a Fumatre (o hospital da cidade) se explique sobre a morte de Géssika Dettmann Bello.

Em documento, Secretaria de Saúde de Ecoporanga pede que o hospital conhecido como Fumatre se explique sobre acusação de negligência que resultou na morte da mulher de 32 anos. Crédito: Reprodução

Hospital afastou médico

Logo após o envio do oficío, o presidente da Fundação Médico Assistencial do Trabalhador Rural de Ecoporanga (Fumatre), Ugo Oliveira Figueiredo, decidiu afastar o médico João Alberto Dal Col, que estava no plantão no hospital no dia da morte da jovem Gessik. A decisão de afastamento do profissional também traz a abertura de investigação interna sobre o fato. Não é citado qualquer procedimento com os outros profissionais que aparecem no vídeo, supostamente, passivos ao fato.

Em documento, Fumatre afasta médico que estava no plantão do hospital no dia da morte de Gessik. Crédito. Reprodução

Defesa de médico nega negligência

Em nota enviada à imprensa, os advogados Rodrigo Carlos de Souza, Adriano Athayde Coutinho e Josimadsonn Magalhães de Oliveira, que patrocinam a defesa do médico João Alberto Dal Col, afirmam que o ‘cumpriu com todos os protocolos previstos’. Na nota, a defesa do médico lamenta a morte de Géssik e expressa solidariedade aos familiares.

Leia nota, na íntegra:

Segundo consta nos dados do Hospital, a paciente deu entrada naquele local às 7h59, atendida pelo médico por volta das 8h10 e após examinada, foi medicada e internada às 8h37. Durante o dia a paciente apresentou melhora, com PA [pressão arterial] controlada, todavia, por volta das 20h30 apresentou quadro de sudorese, embora a PA continuasse normal. Por volta das 21h59, como o quadro persistia, o médico a encaminhou para o Hospital de Barra de São Francisco, por ter mais estrutura do que o Hospital de Ecoporanga.

O médico tem certeza de que cumpriu todos os protocolos previstos e se solidariza aos familiares enlutados.

Sobre o caso

 

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